Os amores têm ais e suspiros. Olhares
perdidos e andares lentos e pensativos. Aqui, na cidade mais pequena do mundo,
ecoam os meus suspiros, arrastam-se os meus passos contemplativos diante da baía. Rivalizam comigo ondas leves que se estendem no areal. À minha frente,
nada. Uma fileira de vivendas pinceladas com um ou outro cão destronado,
pachorrento e faminto. Penso no calor que sinto, no vazio que oiço, paro e
contemplo o horizonte escuro do fim do dia. Penso que caminhas comigo, lado a
lado, e que te ris com o que digo, ou te aborreces com a minha ironia. Contorno
a tua cintura com o meu braço, paramos a espaços para ouvir o mar e apreciar o
nascer das estrelas. Encostas a tua mão no meu peito e no meu ombro encontras
descanso e paz. Tenho-te aqui, ao meu lado e, num banco de jardim, como
se estivéssemos em casa, conversamos sobre o tempo.